POLÍTICAS PÚBLICAS E O DESENVOLVIMENTO INFANTIL


"Você gostaria de poder diminuir a criminalidade? Melhorar a qualidade da educação e da saúde? Elevar a renda das famílias? E por onde começaria?" 

Existem tantos problemas que precisam de soluções, que muitas vezes não sabemos por onde começar. E se eu te falar que deveríamos começar ainda na Primeira Infância? Vamos entender primeiro quais são os benefícios da aplicação de politicas públicas adequadas a infância. Para isso, vou usar de alguns exemplos para explicar rapidamente como funciona o desenvolvimento do sujeito, levando sempre em conta que este é um sujeito completo. 

“(...) O desenvolvimento infantil é um processo pontuado por conflitos. Conflitos de origem exógena, quando resultantes dos desencontros entre as ações da criança e o ambiente exterior, estruturado pelos adultos e pela cultura. De natureza endógena, quando gerados pelos efeitos da maturação nervosa. Até que se integrem aos centros responsáveis por seu controle, as funções recentes ficam sujeitas a aparecimentos intermitentes e entregues a exercícios de si mesmas, em atividades desajustadas das circunstâncias exteriores. Isso desorganiza, conturba, as formas de conduta que já tinham atingido certa estabilidade na relação com o meio” (Galvão, 1995) 

Tudo bem, se esse individuo não é um ser que podemos dividir em diversas partes e então trabalhar individualmente com cada uma delas, isso significa que todas são, de certa forma, ligadas e afetadas em seu funcionamento, certo? 

Exato! Ou seja, quando o sujeito se desenvolve bem em um de seus pilares (já vamos falar mais sobre eles), a sua base fica mais forte. Quanto maior suporte essa criança em desenvolvimento tiver para crescer e amadurecer, maiores capacidades ela terá de o fazer em sua totalidade. Mais quais são esse pilares? Podemos citar três deles importantíssimos na primeira infância:  

Arquitetura do Cérebro: Apesar de ter início junto a vida da criança, esse pilar é muito suscetível a mudanças, as principais ocorrendo ainda na primeira infância. Por mais que a criança tenha uma estrutura formada, ao longo da vida diversos estímulos podem modificar essa área dependendo de suas experiências. 

Acolhimento Maternal: Essas experiências tão marcantes, geralmente ocorrem devido aos relacionamentos que a criança mantém com as pessoas mais próximas e frequentes em sua vida, como pais, parentes e cuidadores em geral. Pense em uma criança que conhece termos como amor, carinho e cuidado como sinônimos de bater, apanhar ou sofrer, quem sabe ainda, nem conhece esses termos. Um lar afetuoso oferece a criança a chance de ter conhecimento sobre o que significa ser amado e vai além, mostra, sem mesmo ter que explicar com palavras, como essa criança poderá, futuramente, passar esse comportamento de amor adiante. 

Políticas Públicas: São conjuntos de programas, ações e atividades desenvolvidas pelo Estado diretamente ou indiretamente. Lidamos diariamente com os eventos proporcionados pelo Estado, mas nem sempre estamos atentos para os programas que deveriam ter prioridade – as políticas públicas da primeira infância. Mas talvez você se pergunte, qual o motivo dessa escolha? 

Bom, vamos nos aprofundar mais nesse último item: 

As mudanças que ocorrem nessa pilastra afetam diretamente todas as outras duas que já falamos, pois lembre-se, estamos falando de relações. Ao incentivar medidas que atinjam diretamente a primeira infância, estaremos lidando com problemas atuais, mas também evitando diversos problemas futuros. Planos desenvolvidos pensando ainda na primeira infância são econômicos. Esses planejamentos, quando bem arquitetados, evitam que mais tarde, haja a necessidade de pensar em diversos outros modos de contenção e correção. 

Quando atentamos para ações que evitem a pobreza dos responsáveis por essas crianças, evitamos, por exemplo, a desnutrição, assim, a criança não corre tantos riscos de ter problemas físicos ou psicológicos decorrentes da escassez de comida. Serviços de saúde preventiva quando executados corretamente, tem o mesmo efeito, proporcionando a essa criança meios de crescer e explorar todo o seu potencial. A qualidade e segurança dos locais mais frequentados por essa criança, como creches e sua vizinhança, servem do mesmo propósito, possibilitando a base para um adulto mais saudável e consciente de seu dever em proporcionar o mesmo ambiente para as próximas gerações. 

O sujeito bem desenvolvido conseguirá transitar entre todos esses pilares sem grandes dificuldades, esse indivíduo conseguirá então, ter qualidade de vida. 

Referências:

GALVÃO, I. Henri Wallon: uma concepção dialética do desenvolvimento infantil. Petrópolis, RJ: Vozes, 1995.

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